Mário Quintana
A NUVEM, A ASA, O VENTO
A ÁRVORE, A PEDRA, O MORTO
TUDO O QUE ESTÁ EM MOVIMENTO
TUDO QUE ESTÁ ABSORTO...
APARENTE É ESSE ALENTO
DE VELA RUMANDO UM PORTO
COMO APARENTE É O JAZIMENTO
DE QUEM NA TERRA ACHOU CONFORTO...
POIS TUDO O QUE ESTÁ IMERSO
NESTE RESPIRAR DO UNIVERSO
- ORA MAIS BRANDO ORA MAIS FORTE
PORÉM SEM PAUSA DEFINIDA -
E CURTO É O PRAZO DA VIDA...
E CURTO É O PRAZO DA MORTE.
Mário Quintana nasceu no dia 30 de Julho na cidade de Alegrete-RS e veio a falecer no dia 5 de maio de 1994. Em 1989 é eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros entre escritores de todo o país. É o quinto poeta a receber este título. Olavo Bilac, Alberto Oliveira, Olegário Mariano e Guilherme de Almeida também foram agraciados com essa honra.
A poesia de Mário Quintana sempre chega como uma espécie de sussurro. Quintana faz parte daquele grupo de poetas que não teve a pretensão de gritar por sobre os muros o seu rancor, o seu ódio às transformações do século XX.
Em Mário Quintana, a incompreensão não é uma barreira intransponível. Ele a transpõe, procurando com seus versos, a integração entre os homens; é o sonho de uma vida mais humana, mais pura, mais próxima, mais verdadeiramente afetiva. É a palavra do poeta fazendo e gerando amigos.
Heitor Ferraz Mello
Roberto D'ara
Nada parece tão monótono
Os campos estão vazios, esbranquiçados
Os sons tomam o lugar dos passos
Lentamente se fecham
Descem a rua na direção do nada
Desaparecem
Sobram os risos, as flôres,a terra molhada
A bondade encerrada no peito
Imagem única de um amor de infância
Segredo criança que a vida desvenda
E mata a pureza
Largando os pedaços à propria sorte
à minha volta, apenas o velho muro ainda respira
Suporta o vento, o fogo, a chuva
os braços e os abraços
Dádiva que o vontade domina
Quando supera a dor
Longe de querer entender
O por que daquela lágrima.
Fonte: http://sitedepoesias.com/poesias/39717